Category Archives: Literatura para viagem

Comer, rezar e amar (Elizabeth Gilbert)

Sim, eu tinha preconceito com esse livro, que me cheirava a auto-ajuda. E sim, eu li e gostei, e ele às vezes é auto-ajuda de meia tigela mesmo, do tipo “você tem que buscar a sua verdade para ser realmente feliz”. Mas o livro é redondo e difícil de largar, com descrições muito legais do cotidiano num ashram e como é bom dar um f*da-se à tudo e todos, juntar suas coisas e ir pra Itália, simplesmente porque você quer e pronto. Um dia faço isso também, senão não morro realizada. E sim, essa auto-ajuda me ajudou: chega uma hora que você casou, teve filhos, comprou uma casa, estudou, conquistou uma carreira de sucesso, mas quer fazer aquilo que você e simplesmente você tem vontade. Como estudar italiano – um idioma que não serve para muita coisa mas é lindo – e se jogar numa das melhores culinárias do mundo (bom, isso eu sempre fiz). Tem também o  cliché, de se apaixonar pela ginga de um brasileiro, mas eu relevo (sem acento. Morte à reforma ortográfica). Que me perdoem meus ídolos Benedetti, Amos Oz e Ian McEwan, mas se eu fosse escrever um livro, seria mais ou menos como Comer, Rezar e Amar.

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Literatura para viagem

Não estou falando de guias de viagem, com indicações de “onde comer” “onde dormir”, “o que fazer”, mas de livros que se passem em lugares que te fazem decidir a ir para lá. Como quando eu assisti Diários de motocicleta e eu quis vivenciar toda a estupefação que eu vi no  rosto de Gael Garcia Bernal/Che quando chegou a Machu Picchu. Mas o assunto aqui são livros e não filmes, que sejam relatos de viagem ou simplesmente contenham tantas descrições de um lugar que te dão uma vontade irresistível de ir para lá. Nasce um novo tag para este blog.

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On the Road (Jack Kerouac) e O Grande Bazar Ferroviário (Paul Theroux)

Confesso que não gosto de dois grandes ícones mochileiros, daqueles adorados pelos twentysomething de países desenvolvidos que tem tempo para viajar:  On the Road, de Jack Kerouac e O grande bazar ferroviário, de Louis Theroux. Pode ser simplesmente por conta do tipo de literatura – eu gosto de descrições minuciosas, de um maior detalhamento emocional dos personagens – e estes livros têm cenas e diálogos rápidos das ações dos personagens. Tenho a impressão de que eles fazem bastante coisa, mas nunca param para pensar no que fazem.

O livro de Theroux é um relato de suas viagens de trem da Europa até a Ásia e, para um cara tão viajado, ele sofre de um defeito fatal: o etnocentrismo. Porque como um cara que se propõe a passar meses viajando pela Ásia se opõe ao modo místico como os indianos explicam o mundo?

On the Road tem o seu DNA beatnik e, teoricamente, Kerouac escrevia sem parar num rolo de papel de fax, desenvolvendo a estória de modo linear, sem cortes e sem edições. Eu sinceramente acho que um editor cairia bem e não terminei de ler o livro. Mas já cruzei com muitos wannabes Dean Moriarty em albergues por aí.

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