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Diário de bordo de Salvador – Dia 3 – 07/04

No Pelô

Eu já estava a caminho do Elevador Larcerda quando meu celular toca às 10h e o sotaque baiano do Pedro, meu amigo do trabalho, interrompe a viagem. Havíamos combinado de fotografar o Pelourinho de manhã mas meu lado carioca não acreditou muito não. Me juntei ao Pedro e ao Graciano, também possuidores de uma Canon EOS 350 e saímos a fotografar o Pelourinho, que, aliás, merecia ganhar uns toldos, árvores ou o que o valha para proteger a turistada do sol.

 

A Karla se juntou à nós e visitamos o convento da Ordem Terceira do Carmo. Acho um absurdo pagar para visitar uma igreja, porém mais absurdo ainda é ser coagido a uma receber explicação de um guia sem pedir e depois ter que pagar por ela. Descemos ao Solar do Unhão, ex-engenho de açúcar e espaço multicultural onde funciona um excelente restaurante, o MAM de Salvador e havia uma exposição do Carybé. Pegamos um táxi de volta ao Mercado Modelo, onde tentei achar, sem sucesso, um chaveiro de patuás. A fome apertou e fomos em direção ao famoso restaurante do Senac, elogiadíssimo por todo mundo que vai lá. Chegamos 10 minutos depois do restaurante fechar pro almoço.

 

Matamos a fome com um belo acarajé da Sueli, no Terreiro de Jesus, pracinha que me lembrou a Plaza Mayor de Cusco: uma igreja em cada extremidade, um chafariz no meio e vendedores de tudo que é coisa perambulando. O acarajé foi delicioso e o papo com a Sueli, baiana de Valença e filha de Nana, idem.

Sueli

Toda a conversa sobre orixás nos levou a combinar o preço do táxi com o Teixeira, outra simpatia de baiano, para conhecer o Dique do Tororó, lagoa localizada no centro na cidade, ao lado do estádio da Fonte Nova e lar para uma série de escultura dos principais orixás do candomblé. Já era fim de tarde e a luz dourada do sol banhava as esculturas de bronze de uma forma magnífica. Lembrava de ver os orixás na lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, mas não lembrava de como eles eram imponentes. E muito mais em casa nessa terra tão cheia de sincretismo religioso que é a Bahia. Alugamos um pedalinho para ficar mais perto das esculturas, larguei o dedo na Canon e voltei ao Pelourinho com uma dúvida: será que esse é o Tororó da música?

orixás

Depois de um dia tão corrido, tomei um banho e me deitei na rede com o Vargas Llosa e suas “Travessuras da Menina Má” para descansar um pouco. Mais tarde, me juntei a um grupo de cariocas para irmos no Ile Aye, associação cultural para preservar e difundir a cultura afro-braisleira – ou em bom português, pra bater um tamborzão no carnaval da Bahia. Esse foi  primeiro ensaio do bloco do ano e, quando o táxi nos levou à sede do grupo, na Ladeira do Curuzu, a comparação foi inevitável para um bando de cariocas: “isso aqui é igual a um ensaio de escola de samba”.

 

No ensaio, baianos e baianas negros, lindíssimos, bem vestidos e arrasando ao dançar. Alguns gringos (aliás, no meu terceiro dia aqui já começo a recnhecer os gringos) e nós, amarradões. Fomos embora pouco depois da uma da manhã, porque amanhã é domingo, dia de missa.

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Diário de Bordo de Salvador – Dia 2 – 06/04

Acordei com o sol e o calor no quarto. Enquanto me arrumava para tomar o café-da-manhã conheci a Karla, uma mineira de 28 anos que mora numa cidadezinha de cinco mil habitantes na Bahia para trabalhar num projeto social. Ela me lembrou que na sexta-feira santa não haveria nada aberto e a melhor opção seria pegar uma praia.

As praias da Bahia são lindas e famosas, mas as de Salvador, not so much. Itapoã pra mim já havia sido uma decepção. Descemos o elevador Lacerda – que é o maior custo/benefício que se pode ter com apenas R$ 0,05 e pegamos um ferry até Itaparica, outra praia famosa e igualmente decepcionante.

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 Pedimos a um taxista que nos levasse até a melhor praia de lá, que segundo ele era e de Mar Grande. Mas a praia era estilo a praia do Aterro do Flamengo. Não é nem questão de elitismo, mas de ter cachorro e até cavalo na praia. Mas eu me recusei a me estressar e fiquei tomando água-de-coco e cochilando na praia. E depois eu lembrei que essa praia aparecia até em música do Netinho (ôôô Mila/ mil e uma noites de amor com você/na praia/no barco/no farol apagado/ num moinho abandonado/ em Mar Grande/alto astral). Realmente eu não poderia esperar grande coisa.

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Às 16h estava de volta ao continente e, contrariando todos os conselhos para tomar cuidado pois a cidade é perigosa, fui de ônibus com minha câmera de quatro mil reais (não que eu tenha pago este preço) para ver o pôr-do-sol no Farol da Barra, programinha típico soteropolitano. A lenda é que Salvador é a única cidade onde o sol nasce e morre no mar, o que atrai casais e rodinhas de violão até o Porto da Barra.

À noite encontrei a Karla e dois paulistas do albergue para darmos uma de turista, irmos comer alguma coisa num restaurante do Pelourinho e virarmos alvo de pedintes e vendedores de bijuterias querendo amarrar uma fitinha do Nosso Senhor do Bonfim no seu braço. Pelo menos, foi a primeira sopa de polvo que tomei na minha vida.

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Diário de Bordo de Salvador – Dia 1 – 05/04

Como qualquer mortal, tem horas – e muitas – nas quais eu não gosto do meu trabalho. Geralmente quando deixo de sair à noite porque tenho que acordar às 6h no dia seguinte para trabalhar ou quando não concordo com alguma coisa que tenho que fazer. Mas em outras horas, eu adoro. Tenho orgulho de trabalhar no maior centro de pesquisas da América Latina, que começará a testar a mistura de diesel com 5% de biodiesel – o B5 – e fará uma cerimônia para marcar esse teste no dia 09 de abril, em Salvador. Nove de abril, a segunda-feira depois de um feriado prolongado. Impossível eu não antecipar a passagem e passar  um fim de semana prolongado em Salvador.

 

Estive na cidade algumas vezes, muitas a trabalho, onde não vi nada além do hotel, aeroporto e da sala de reunião. Que eu tenha aproveitado, fui no carnaval há dois anos atrás, mas nessa época tudo pára o desfile dos trios. Me diverti horrores, mas não visitei nada. E fui quando era pequena com meus pais. A única lembraça que tenho é o quindim do restaurante do Senac J .

 

Cheguei em Salvador após um dia de trabalho e duas horas e meias de vôo, barrinhas de cererl e amendoim da Gol. No aeroporto, stress: havia telefonado antes pra lá e me informado que havia um ônibus executivo até meia noite para o centro da cidade. Cheguei dez e meia e me informaram que o último ônibus partiu às 22h. Nesse disse-me-disse no balcão de informações, uma senhora me ofereceu carona. E lá fui eu pro Pelourinho, ouvindo música evangélica para economizar R$ 80,00 de táxi.

 Cheuei morta no Albergue das Laranjeiras e capotei na cama do quarto apertado. O albergue é bonitinho, bem localizado, com locker, banheiros razoáveis, internet grátis e um café da manhã bastante honesto e incluso na diária de R$ 27,00 para não associados.

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